Gato-maracajá

Leopardus wiedii

©Adriano Gambarini

Taxonomia
Nome comum em inglês

Margay

Nome científico

Leopardus wiedii

Nome/s comum em Português

Gato-maracajá, Gato-peludo

Mapa de distribuição - IUCN

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Descrição física

Esse felídeo tem a pelagem muito parecida com a da jaguatirica e do gato-do-mato-pequeno, com coloração amarelo-dourada e rosetas escuras dispostas principalmente nas laterais do corpo. No dorso as rosetas se fundem formando listras que vão do topo dos olhos à base da cauda. Eles possuem olhos bem protuberantes e grandes, as patas traseiras têm articulações especialmente flexíveis, permitindo rotação de até 180º, o que lhe dá a rara habilidade dentre os felinos de descer de uma árvore de cabeça para baixo, como os esquilos. A habilidade com as patas e a cauda longa lhe confere uma excepcional capacidade arbórea e eles permanecem a maior parte do tempo em árvores.

Ecologia e Habitat

Tem ampla distribuição estendendo-se desde o norte do México até o Uruguai e norte da Argentina. No entanto, eles estão raros onde ocorrem e dependem de habitats florestais com dossel fechado (Oliveira et al. 2015, Espinosa et al. 2018, Horn et al. 2020). Sua densidade populacional parece estar positivamente associada à cobertura vegetal, variando de 9.6 (±6.4) a 37.4 (±15.1) indivíduos/100km2 em áreas com mais ou menos distúrbios urbanos, respectivamente ( Horn et al. 2020).
Ainda existem poucas informações sobre sua ecologia e características sociais. Estudos têm demonstrado hábitos essencialmente noturnos (Pérez-Irineo et al. 2017, Nagy-Reis et al. 2019, Horn et al. 2020). Alimentam-se de uma grande variedade de presas de vertebrados (mamíferos, aves, répteis e anfíbios), porém os principais itens de sua dieta são pequenos roedores arborícolas, seguido por pequenas aves (Rocha-Mendes & Bianconi 2009, Wang 2002, Oliveira 1998).

Ameaças e conservação

A perda e fragmentação de ambientes florestais são as principais ameaças para essa espécie (Oliveira et al. 2015, Espinosa et al. 2018, Horn et al. 2020). Atropelamentos e o abate de animais, seja pela caça preventiva ou por retaliação de ataque aos animais domésticos, são também ameaças importantes (Tortato et al. 2018, Peters et al. 2016). Além disso, o pouco conhecimento sobre a biologia desta espécie limita a possibilidade de estratégias de conservação eficazes. É classificado mundialmente pela IUCN como espécie “Quase ameaçada” e pelo ICMBio-MMA como ameaçado de extinção no Brasil, na categoria “Vulnerável” (Tortato et al. 2018).

Galeria de imagens
Informações gerais

Valores médios com mínima e máxima em parênteses

Comprimento do corpo / cauda (cm):

55 (46 - 79)a / 39 (33 - 51)a,b

Dieta

Carnívora

Peso (kg) / Altura (cm):

3,3 (2,3 - 4,9)a / -

Área de habitação (km2):

(1 - 20)a

Número de filhotes / Gestação (dias):

1 (1 - 2)a / (81 - 84)a

Longevidade (anos):

20 (máx)a

Estrutura social:

Solitários

Padrão de atividade:

Noturno

a Oliveira & Cassaro, 2005; b Nascimento 2010

Links online

IUCN redlist (https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2015-4.RLTS.T11511A50654216.en) apresenta uma síntese dos conhecimentos atuais sobre a distribuição e estado de conservação.

IUCN Cat Specialist Group species accounts (descrições das espécies de felinos selvagens): http://www.catsg.org/index.php?id=89

Referências

Espinosa, C. C., Trigo, T. C., Tirelli, F. P., da Silva, L. G., Eizirik, E., Queirolo, D., … & de Freitas, T. R. (2018). Geographic distribution modeling of the margay (Leopardus wiedii) and jaguarundi (Puma yagouaroundi): a comparative assessment. Journal of Mammalogy, 99(1), 252-262.

Horn, P. E., Pereira, M. J., Trigo, T. C., Eizirik, E., & Tirelli, F. P. (2020). Margay (Leopardus wiedii) in the southernmost Atlantic Forest: Density and activity patterns under different levels of anthropogenic disturbance. PloS one, 15(5), e0232013.

Nagy-Reis MB, Iwakami VHS, Estevo CA, Setz EZF. Temporal and dietary segregation in a neotropical small-felid assemblage and its relation to prey activity. Mamm Biol. 2019; 95:1–8.

Nascimento, F. O. D. (2010). Revisão taxonômica do gênero Leopardus Gray, 1842 (Carnivora, Felidae) (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).

Pérez-Irineo G, Santos-Moreno A, Herna´ndez-Sa´nchez A. (2017). Density and activity pattern of Leopardus wiedii and Leopardus pardalis in Sierra Norte of Oaxaca, Mexico. Therya.; 8(3):223–32.

Peters, F. B., Mazim, F. D., Favarini, M. O., Soares, J. B., Oliveira, T. G., Castanõ-Uribe, C., … & Payán, E. (2016). Caça preventiva ou retaliativa de felinos por humanos no extremo sul do Brasil. II. Conflictos entre felinos y Humanos em América Latina. Castaño-Uribe, Serie Editorial Fauna Silvestre Neotropical. Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt (IAvH), Bogotá, DC, Colombia, 311-325.

Oliveira, T. G. (1998). Leopardus wiedii. Mammalian Species, 579, 1-6.

Oliveira, T. G., & Cassaro, K. (2005). Guia de campo dos felinos do Brasil. Instituto Pró-Carnívoros.

Oliveira, T., Paviolo, A., Schipper, J., Bianchi, R., Payan, E. & Carvajal, S.V. (2015). Leopardus wiedii. The IUCN Red List of Threatened Species 2015: e.T11511A50654216.

Rocha-Mendes, F., & Bianconi, G. V. (2009). Opportunistic predatory behavior of margay, Leopardus wiedii (Schinz, 1821), in Brazil. Mammalia, 73, 151-152.

Tortato, M. A., de Oliveira, T. G., de Almeida, L. B., & Beisiegel, B. de M. (2018). Leopardus wiedii. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume II – Mamíferos. Brasília: ICMBio. p. 349-352.

Wang, E. (2002). Diets of ocelots (Leopardus pardalis), margays (L.wiedii), and oncillas (L.tigrinus) in the Atlantic rainforest in southeast Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 37, 207-212.

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