Conservação de Carnívoros do Parque Nacional da Serra do Itajaí, SC

A pressão antrópica exercida sobre a Floresta Atlântica tem afetado a conservação dos mamíferos carnívoros do país, visto que das 26 espécies conhecidas no Brasil, 10 estão ameaçadas na categoria vulnerável (MMA, 2003). O fato de Santa Catarina apresentar relevo acidentado no domínio da Floresta Ombrófila Densa garantiu a existência de remanescentes florestais importantes para a conservação do bioma, tal como o Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI), localizado inteiramente no Vale do Itajaí, compreendendo uma área de 57.374 ha e altitudes que variam de 80 a 1039 metros. O Parque abrange áreas de nove municípios (Apiúna, Ascurra, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos), 32 comunidades que estão localizadas no interior e na zona de amortecimento e 982,73 km de estradas principais, secundárias e trilhas localizadas no seu interior levam as diferentes comunidades. Para definir as prioridades para a gestão e conservação, embasadas em premissas fortalecidas por dados científicos e entrelaçadas por consenso entre os sujeitos envolvidos no processo, em 2006 deu-se início o processo de elaboração do Plano de Manejo do PNSI, o que envolveu várias Avaliações Ecológicas Rápidas (AER). Nas AER foram registradas 11 espécies da ordem Carnivora, dos quais 40% estão ameaçadas de extinção e dentre elas está o puma (Puma concolor), porém também foram registradas sérias pressões e ameaças à mastofauna local, principalmente sobre os carnívoros e dentre os principais problemas estão a caça e os conflitos com propriedades localizadas no interior do PNSI e na zona de amortecimento. Em todas as áreas onde foram realizadas as AER foram registrados vestígios de atividades de caça, sendo as espécies mais visadas, justamente as principais presas dos carnívoros, consequentemente têm ocorrido conflitos com as populações locais, pois a disponibilidade de animais domésticos tem se tornado um novo recurso alimentar, principalmente pela facilidade de ser obtido.

Durante a Reunião Técnica do Plano de Manejo , na qual  teve a participação de analistas do CENAP e CPB, diversas medidas para reverter este quadro foram recomendadas,  e para que estas medidas fossem adotadas tornou-se necessária a execução de projetos para a melhoria da conservação dos carnívoros do PNSI.  Desta forma, em janeiro de 2009 teve início a primeira etapa do projeto realizada em parceria com o CENAP e  viabilizada por meio do PROECOS (PNUD/BRA/009), tendo como objetivo a contratação de consultoria para o desenvolvimento de subsídios para a elaboração de projetos específicos visando a efetivação da conservação dos carnívoros do PNSI,  Para a obtenção de um panorama geral foram aplicados questionários com as comunidades do interior da zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI) a cerca das pressões, ameaças e percepções sobre os carnívoros silvestres. Os dados sobre a atividade de caça na região confirmaram ser essa a principal pressão e ameaça.

Este primeiro diagnóstico reforçou que o caminho para a reversão do atual quadro está principalmente na informação, conscientização e fiscalização, além da obtenção de dados ecológicos das populações de carnívoros, em especial do puma e suas principais presas. Diante disto, está em andamento desde abril o projeto piloto sobre a ecologia dos carnívoros, esta etapa está sendo primordial para subsidiar a colocação  de 40 armadilhas  fotográficas  do CENAP  que serão utilizadas no primeiro monitoramento, já previsto para iniciar em fevereiro de 2010 , fruto da parceria estabelecida  entre a UC e este Centro, em prol da conservação dos carnívoros. As atividades com as comunidades  demonstraram a necessidade da continuidade,  por isso, na comunidade do Faxinal do Bepe, onde os relatos de predação por pumas foram mais frequentes,  estão sendo realizadas visitas mensais, mantendo assim um canal aberto para a comunicação entre o PNSI e a comunidade. A execução destas atividades na primeira etapa do projeto, tornou possivel o planejamento adequado das ações imprescindíveis para garantir a preservação dos carnívoros do PNSI, especialmente o puma.

Assim, o projeto prevê a execução de três grandes metas para o próximo ano:

  1. Aumentar as possibilidades de manutenção de populações reprodutivamente viáveis de pumas, Puma concolor, na região do PNSI;
  2. Minimizar os conflitos entre pumas e comunidades humanas no PNSI e região;
  3. Sensibilizar as comunidades  do interior e da zona de amortecimento do PNSI sobre a importância do puma.

Para alcançar estas metas serão realizadas as seguintes atividades:

  • obtenção de dados ecológicos de P. concolor  no interior e entorno da UC;
  • elaboração de protocolo para o monitoramento da espécie;
  • capactitação de funcionários e voluntários;
  • identificação e mapeamento de propriedades com ocorrência de predação por pumas;
  • atendimento às propriedades com ocorrência de predação por pumas;
  • proposição de medidas preventivas;
  • cadastramento de propriedades que não possuam recursos para a aplicação das medidas;
  • capacitação de técnicos de entidades da região para o atendimento de casos de conflitos com carnívoros;
  • divulgação das medidas preventivas e mitigadoras contra a predação;
  • avaliação da percepção das comunidades do interior e zona de amortecimento do PNSI sobre os pumas;
  • sensibilização das comunidades sobre a importância dos pumas e outros carnívoros.
Objetivo geral:

Garantir a conservação de puma (Puma concolor) na região do Parque Nacional da Serra do Itajaí, a partir da obtenção de dados ecológicos, da minimização de conflitos e sensibilização das comunidades.

 

Objetivos específicos:
  • Estimar a população de pumas no PNSI;
  • Analisar a da dieta da espécie na região;
  • Analisar a exposição de P.concolor à agentes parasitológicos;
  • Identificar áreas de interesse para a manutenção de pumas no entorno do PNSI;
  • Elaborar um protocolo de métodos de campo para monitoramento contínuo das populações de pumas no PNSI;
  • Capacitar os funcionários da UC para realizar este monitoramento;
  • Capacitar pesquisadores e bolsistas de instituições da região para realizar este monitoramento;
  • Identificar e mapear 100% das propriedades rurais que apresentem predação de suas criações domésticas por pumas na região do PNSI;
  • Avaliar a percepção de 100% das comunidades do interior do PNSI sobre os pumas e sua disposição a investir na preservação dessa espécie;
  • Avaliar a percepção de 100% das propriedades da Zona de Amortecimento (aquelas com criação de animais domésticos) do PNSI sobre os pumas e sua disposição a investir na preservação dessa espécie;
  • Realizar visitas de atendimento a 100% das propriedades que apresentem conflitos de predação por pumas durante a execução deste projeto;
  • Propor medidas preventivas contra a predação para cada propriedade visitada;
  • Capacitar técnicos de entidades da região para atender a casos de conflitos e outras ocorrências que envolvam mamíferos carnívoros, expandindo a atuação da RENAP (Rede Nacional de Atendimento à Predação) para a região do PNSI;
  • Divulgar as medidas preventivas e mitigadoras contra a predação junto aos sindicatos rurais e associações de moradores;
    Sensibilizar a população local sobre a importância dos pumas no equilíbrio ecológico.

Região de atuação

mata-atlantica

Equipe responsável

Coordenadores do projeto:

Ronaldo Gonçalves Morato

 

Coordenador de Campo:

Cintia Gizele Gruener – Consultora Técnica, PNUD/PNSI/ICMBio

 

Equipe executora:

Fábio André Faraco, Analista Ambiental, Chefe do PNSI/ICMBio;
Júlio Cesar de Souza Júnior, Médico Veterinário, FURB;
Tathiana Bagatini, Analista Ambiental, CENAP/ICMBio;
Lilian Bonjourne de Almeida, Analista Ambiental, CENAP/ICMBio.

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