Biologia e conservação do lobo-guará na Estação Ecológica de Águas Emendadas, DF

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo da América do Sul. Característico de ambientes abertos, a espécie vem sofrendo com a transformação dos campos em áreas agrícolas e hoje, apesar de ainda ser amplamente distribuído, tem que lidar com as dificuldades de viver em ambientes fragmentados. A maioria das Unidades de Conservação do Cerrado é pequena e possivelmente não tem área suficiente para manter uma população saudável da espécie. Desta forma, é necessário conhecer a ecologia e comportamento de lobos-guarás nestas pequenas reservas, para melhor conservar a espécie.

Este projeto visou levantar dados sobre a dieta, padrões de movimentação, variabilidade genética e fatores principais de risco para a população de lobos-guarás de uma pequena Unidade de Conservação do Cerrado, a Estação Ecológica de Águas Emendadas, Distrito Federal.

Lobos-guarás ocupam áreas de vida extensas, sendo necessário grandes áreas de cerrado para manter uma população viável. O grande tamanho das áreas de vida e a característica territorial da espécie impedem que grandes densidades populacionais sejam atingidas, tendo sido estimado que no máximo cinco casais sejam residentes na região da Estação. Este número é pequeno para manter uma população viável a longo prazo. Também devido à grande área ocupada, os lobos são obrigados a sair constantemente da Estação para atender suas necessidades ecológicas, o que os torna susceptíveis a vários riscos, como atropelamentos e caça. Por isso, uma das principais ameaças à conservação desta população de lobos-guarás que puderam ser identificadas, foi o isolamento da Estação de outras áreas preservadas, dificultando com isso o intercâmbio genético com outras populações e levando indivíduos muito aparentados a se reproduzir, o que pode causar defeitos genéticos em filhotes e diminuição da taxa reprodutiva. Assim, é importante que exista troca de indivíduos com outras áreas, através de corredores de dispersão. A caça, para evitar a predação de galinhas, é outra ameaça importante, apesar dos resultados do projeto mostrarem que o consumo de galinhas por lobos é raro e ocasional, não justificando a fama de “comedor de galinhas”. Mas a principal causa de mortalidade observada foi por atropelamentos. Em 36 meses de acompanhamento 13 lobos foram encontrados mortos nas estradas periféricas. Para minimizar este problema a Pró-Carnívoros está atuando junto aos Ministérios Públicos Federal e do Distrito Federal, à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF, ao DER e DENIT, no sentido de reduzir o limite de velocidade no trecho, colocar redutores de velocidade e placas informativas (ver projeto “Impacto de rodovias na Estação Ecológica de Águas Emendadas”).

Apoio: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza/ MacArthur Foundation, Fundo Mundial para a Natureza – WWF Brasil, Universidade de Brasília/ CENARGEN-EMBRAPA. Este projeto integrou a tese de doutorado de Flávio Rodrigues, defendida pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

Região de atuação

cerrado

Equipe responsável

Coordenador do projeto e executor:

Flávio Henrique Guimarães Rodrigues

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