Gato-do-mato
Leopardus geoffroyi
©Felipe Peters
Taxonomia
Nome comum em inglês
Geoffroy’s cat
Nome científico
Leopardus geoffroyi
Nome/s comum em Português
Gato-do-mato, gato-do-mato-grande
Estado de conservação - IUCN
Descrição física
A pelagem tem coloração que varia do cinza claro ao ocre, recoberta por um grande número de pequenas manchas negras. O dorso e as patas possuem pequenas listras negras e a cauda é anelada. Existe dimorfismo sexual em relação ao tamanho corporal, sendo machos significantemente maiores que fêmeas (Tirelli et al. 2018).
Ecologia e Habitat
Distribuem-se geograficamente a partir do sul da Bolívia até o sul da Argentina e Chile. No Brasil são encontrados apenas no estado do Rio Grande do Sul. Esses felinos são típicos de regiões abertas, inclusive ocorrendo em áreas com atividade agropastoril, mas ocupando principalmente áreas com cobertura vegetal mais densa variando do porte arbustivo ao arbóreo (Manfredi et al. 2006, Trigo et al. 2013, Cuyckens et al. 2016, Tirelli et al. 2019). São solitários (Sunquist & Sunquist 2002), mas parecem apresentar certo grau de tolerância mesmo em relação a indivíduos não aparentados (Tirelli et al. 2018). Possuem hábitos predominantemente noturnos (Johnson & Franklin,1991, Cuellar et al. 2006, Pereira et al. 2015, Tirelli et al. 2019), podendo modificar sua atividade conforme a época do ano e recursos alimentares (Pereira 2010, Tirelli et al. 2019). Alimentam-se principalmente de roedores e outros mamíferos pequenos, mas também de aves, peixes, répteis e anfíbios (Sousa & Bager 2008, Trigo et al. 2013, Migliorini et al. 2018).
Ameaças e conservação
As maiores ameaças estão relacionadas à remoção direta de indivíduos das populações através de atropelamentos, caça por retaliação à predação de animais domésticos, por cães domésticos, envenenamento entre outros (Pereira et al. 2015, Peters et al. 2016, Tirelli et al. 2019). É a segunda espécie de felídeo na lista de perseguidas para comercialização da pele, perdendo apenas para o lince (Lynx rufus). Atualmente medidas de proteção parecem ter limitado o comércio de peles (Almeida et al. 2018). Além disso, a perda de hábitat, possível transmissão de patógenos por carnívoros domésticos e hibridação com L. guttulus também são ameaças para a espécie. É classificado mundialmente pela IUCN como “Menor Preocupação” (Pereira et al. 2015) e pelo ICMBio-MMA como ameaçado de extinção no Brasil, na categoria “Vulnerável” (Almeida et al. 2018).
Galeria de imagens
Links online
IUCN redlist (https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2015-2.RLTS.T15310A50657011.en) apresenta uma síntese dos conhecimentos atuais sobre a distribuição e estado de conservação mundial.
IUCN Cat Specialist Group species accounts (Grupo de Especialistas em Gatos -descrições das espécies de felinos selvagens): http://www.catsg.org/index.php?id=90
Referências
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