Diversidade de Mamíferos do Maranhão: região do Gurupi (Amazônia) e Gerais de Balsas (Cerrado)

O levantamento da diversidade de mamíferos do Gurupi vem sendo realizado desde dezembro do ano 2000, o qual inclui a Reserva Biológica do Gurupi e as Reservas Indígenas adjacentes (Caru e Alto Turiaçu). Esse trabalho também está voltado para avaliação dos problemas ligados à conservação da área, que é por sinal um dos últimos remanescentes da floresta amazônica do Maranhão, o estado com os piores índices de desmatamento de toda a Amazônia (<30% da cobertura original). Basicamente o que restou da Amazônia do Maranhão está na região do Gurupi. Os resultados preliminares do nosso trabalho indicaram a presença de pelo menos 63 espécies de mamíferos, isto sem contar os morcegos. Este número ainda deve aumentar para algumas espécies de roedores. Esse número é bem representativo quando comparado a outras regiões amazônicas. De qualquer maneira a área se mostrou de altíssima importância para conservação, pois apresenta 11 espécies de mamíferos ameaçadas de extinção. Destas destaca-se o cairara-Ka’apor (Cebus kaapori) considerado pela nova lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção como criticamente em perigo, o que quer dizer que ela poderá ser extinta muito rapidamente. Outro macaco, o cuxiú-preto (Chiropotes satanas), também está muito ameaçado. Ambas espécies têm no Gurupi sua principal área de ocorrência, o que quer dizer que, caso a área seja degradada pelas madeireiras e desmatada para pasto para gado, as duas espécies se extinguem.

A fauna de carnívoros da região é bastante diversificada, com 14 espécies, sete das quais presentes na nova listagem do IBAMA. Estes animais, mesmo estando em áreas teoricamente protegidas sofrem perseguições, notadamente os grandes felinos: a onça-pintada e a onça-vermelha. Isto porque estes animais chegam, algumas vezes, a predar o gado das fazendas instaladas dentro da Reserva Biológica, como já pudemos constatar. O Gurupi abriga também as últimas populações de ariranhas no Maranhão. Também presentes estão o cachorro-do-mato(vinagre Speothos venaticus), a lontra, furão, guaxinim e demais espécies de felinos.

Outro ponto de vital importância está no fato da região abrigar a etnia dos Awá-Guajás, um povo semi-nômade que vive em grande parte como seus ancestrais viviam e que também estão ameaçados de extinção pela ganância de madeireiros, fazendeiros e demais invasores, que invadem suas terras na busca por madeira, caça, produtos para indústria farmacêutica (como folhas de jaborandi), e pastagem para gado (inclusive búfalos). Essa etnia que só existe na região do Gurupi conta com uma população de apenas cerca de 250 indivíduos.

Região de atuação

amazonia,cerrado

Equipe responsável

Coordenador do projeto:

Tadeu Gomes de Oliveira

Equipe executora:

Rafael Gomes Gerude
Paulo Adriano Dias
Odgley Quixaba-Vieira
José Wilson Carvalho de Mesquita

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